sábado, 20 de fevereiro de 2010

Investigação do desaparecimento de seis jovens de Luziânia estaciona


[19/02/2010]
Um mês após a abertura do inquérito policial que investiga o misterioso desaparecimento de seis jovens de Luziânia — município distante 66km de Brasília —, a Polícia Civil de Goiás ainda busca informações que levem ao paradeiro dos adolescentes. Apesar de contar há nove dias com o apoio formal da Polícia Federal — desde que o secretário de Segurança Pública de Goiás, Ernesto Roller, resolveu aceitar o auxílio da PF oferecido pelo então ministro da Justiça, Tarso Genro —, os delegados responsáveis ainda não sentaram para definir os métodos para a investigação conjunta entre as corporações.
Pela terceira vez ontem, Valdirene Fernandes Cunha, 36 anos, mãe de Flávio Cunha,14, desaparecido há exatamente um mês, passou a tarde na 5ª Delegacia Regional de Polícia em novo depoimento. À noite, quatro das seis mães se reuniram no Setor Fumal com 15 representantes de conselhos tutelares, secretarias de Direitos Humanos da Presidência da República, Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) para definirem novas formas de cobrar agilidade na solução dos casos.
A esperança de encontrar ainda com vida o filho desaparecido há 30 dias permanece viva no coração da contadora Valdirene Cunha. Afastada do emprego desde que começou as buscas pelo adolescente desaparecido, ela vai tentar, na próxima semana, retomar a rotina antiga de trabalho, mas, para isso, precisa acreditar que os policiais estão empenhados em encontrar o garoto. “As investigações completaram um mês sem nenhuma novidade. A Polícia Federal diz ter entrado no caso, mas até agora não vimos nada novo”, cobrou.
Na semana passada, após três dias do comunicado oficial do ingresso da Polícia Federal nas investigações, a corporação informou por ofício à Polícia Civil goiana que o delegado Hellan Wesley Almeida Soares, do Combate ao Crime Organizado da Superintendência da PF no Distrito Federal, seria o responsável por trabalhar de forma conjunta nas buscas. No entanto, a reunião formal com o chefe do Departamento Judiciário da Polícia Civil goiana, Josuemar Vaz de Oliveira, para definir as funções e repassar o que já foi feito, ainda não aconteceu. “Não posso dizer que a Polícia Federal não está trabalhando porque eles têm meios tecnológicos para investigar a distância. Mas o nosso encontro deve acontecer no mais tardar até amanhã (hoje)”, prevê Vaz de Oliveira, terceiro delegado da Civil a tomar frente nas investigações.
O inquérito para apurar os sumiços foi aberto em 15 de janeiro pela Polícia Civil goiana após o quarto desaparecimento. A demora, segundo Vaz de Oliveira, é justificada pela falta de crime em casos de desaparecidos. “Normalmente não se abre inquéritopara investigar desaparecimentos, pois não há crime. No caso, abrimos devido às semelhanças dos sumiços: jovens do sexo masculino que desapareceram à luz do dia no mesmo bairro”, explica.

Hipóteses absurdas

Enquanto espera pelo ingresso da Polícia Federal, o delegado do Judiciário de Goiás apura e reconstitui todas as pistas recebidas pela regional. “Qualquer informação que chega é investigada, até as hipóteses mais absurdas”, detalhou. “Acredito que alguém viu os desaparecimentos e, mais cedo ou mais tarde, essa pessoa vai nos procurar para contar o que viu”, espera. Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Federal diz estar à disposição de Luziânia, mas, no momento, as atenções estão voltadas às investigações da Operação Caixa de Pandora.

Fonte: Correio Braziliense

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